Com debates, oficinas, exposições e mostra de cinema, Colóquio celebra 41 anos da Fotoativa, em Belém
23/09/2025
(Foto: Reprodução) Colóquio de Fotografia e Imagem
Fotoativa
Começa nesta quarta-feira (24) a 11ª edição do Colóquio de Fotografia e Imagem, que retorna a Belém após sete anos. Realizado pela Associação Fotoativa, o encontro marca a retomada histórica de um dos mais relevantes eventos de formação e reflexão crítica sobre fotografia na Amazônia e no Brasil, responsável por impulsionar gerações de fotógrafos e pesquisadores. A programação, que segue até 27 de setembro, acontece em parceria com o Sesc Ver-o-Peso e o Sesc Teatro Isaura Campos, sob o tema “Tempos de Ver e [Re]ver – As Histórias da Fotografia nas Amazônias Paraenses”. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas online.
A proposta é revisitar e ampliar a compreensão das narrativas fotográficas da região, reconhecendo agentes, territórios e práticas que muitas vezes ficaram à margem da história oficial da fotografia. Para isso, o colóquio reúne palestras, rodas de conversa, oficinas, leituras de portfólio, exposições e mostras de audiovisual, aproximando pesquisadores, artistas, estudantes e público interessado em discutir as múltiplas temporalidades e territórios que compõem o campo da imagem na Amazônia.
O Colóquio, que teve sua última edição em 2018, retorna em um momento simbólico em que a Fotoativa celebra 41 anos de atuação no fomento à fotografia no Pará e no Brasil. Esta edição é realizada com patrocínio da Petrobras, via Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, reforçando o compromisso com a descentralização do conhecimento e a valorização da produção artística na Amazônia.
Para a curadora do evento, Cláudia Leão, a retomada reforça também a missão da instituição de construir pensamento crítico em torno da imagem. “Retomar o Colóquio é reafirmar nosso compromisso de revisitar e ampliar as discussões sobre a fotografia. Pensar outras histórias, outros territórios, outras vozes que fazem parte da Amazônia e que muitas vezes não estão contempladas na narrativa oficial. Esse encontro é um espaço para repensar a formação, a pesquisa e as práticas fotográficas a partir de uma perspectiva plural e amazônida”, afirma.
O tema desta edição se inspira no pensamento do escritor, poeta e ativista quilombola Nêgo Bispo (Antônio Bispo dos Santos), uma das vozes mais influentes do pensamento decolonial no Brasil. Para ele, o tempo não é linear, mas circular, feito de ciclos em que passado e futuro se encontram em um contínuo “começo, meio e começo”. Essa visão amplia a forma de compreender histórias e temporalidades, incluindo aquelas que foram silenciadas ou invisibilizadas.
Exposições
Entre os destaques estão as exposições Retratos da ancestralidade: olhares da comunidade remanescente de quilombos Vila União-Campina, conduzida por Dayane Amador e Luciane Lopes, e Foto Sima – meio século de um estúdio fotográfico no Distrito de Icoaraci, com Simone Machado. A mostra coletiva permanece em visitação no Casarão Fotoativa ao longo de todos os dias do evento.
Programação formativa
No campo formativo, três oficinas inéditas serão ministradas por artistas convidadas. A fotógrafa e arte-educadora Evna Moura conduz a Oficina de Fotografia Vegetal, em que os participantes experimentam a criação de emulsões fotossensíveis a partir de pigmentos naturais e utilizam a luz do sol como revelador, numa prática ecológica e artesanal que alia técnica e imaginação. A artista visual Joyce Nabiça, cuja trajetória dialoga com o cotidiano urbano e processos experimentais de imagem, ministra a Oficina de Pinhole de tubinho, em que cada participante constrói sua própria câmera artesanal e explora novas perspectivas do olhar fotográfico. Já a multiartista Geisa Brito, nascida em Breves (Marajó) e residente em Belém, propõe a oficina Afeto, memória e escrevivências amazônidas, em que fotografia e desenho são disparadores para a invenção de narrativas e memórias coletivas.
As leituras de portfólio, espaço de escuta e análise crítica de trabalhos autorais, estarão sob condução de Paula Sampaio e do Núcleo de Fotografia do Sesc Ver-o-Peso, Jerê Santos e Ana Paula Gomes.
As rodas de conversa contemplam diferentes perspectivas de reflexão: A pedagogia das imagens, com Miguel Chikaoka, Joyce Nabiça, Sici Ferraz, Luu Peixe e Thays Chaves; Diálogos entre ética e uso de imagens nas produções fotográficas, com Dayane Amador, Luciane Lopes e Jerê Santos, mediada por Ana Paula Gomes; além de um debate sobre Fotografia e Coletivos de Imagens, com participação de coletivos audiovisuais do MST, Cine Front e do povo Munduruku. A mesa-redonda Sobre outras histórias da fotografia nas Amazônias paraenses reunirá nomes como Cláudia Leão, Geisa Brito, Kassandra Cardoso, Ali Alcântara, Thays Chaves, Tainá Silva e Sidney Pinheiro.
Mostra de cinema
Na programação audiovisual, haverá a Mostra de Filmes Coletivos e o lançamento do livro Memórias Autônomas do Quilombo da Campina-Vila União e o Direito ao Olhar. O encerramento ficará a cargo da pesquisadora e ensaísta Rosane Borges, referência nacional nos debates sobre regimes de produção de imagem e pensamento crítico decolonial.
Serviço:
XI Colóquio de Fotografia e Imagem
24 a 27 de setembro de 2025
Onde: Associação Fotoativa – Praça das Mercês, 19, Campina
Sesc Ver o Peso – Boulevard Castilhos França, 522/523, Campina
Sesc Teatro Isaura Campos – Travessa Quintino Bocaiúva, 569, Reduto
Inscrições gratuitas: https://www.instagram.com/fotoativa/?hl=pt-br
Abertura do evento: 24 de setembro, às 18h30, no Sesc Teatro Isaura Campos
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